Após a realização de um curso sobre letramento digital para ajudar a identificar notícias falsas, pessoas com mais de 60 anos foram capazes de reconhecer a natureza verdadeira ou falsa de notícias, revela pesquisa realizada pela ESPM, escola de negócios, comunicação e marketing, encomendada pelo Instituto Poynter, que explora a intersecção entre jornalismo, tecnologia e interesse público.
O estudo foi realizado por duas professoras do curso de jornalismo da ESPM e um professor do curso de Administração da ESPM, com os participantes de um curso oferecido pelo Projeto Comprova, iniciativa que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações suspeitas. As aulas aconteceram por meio da ferramenta WhatsApp, durante dez dias, e com os jornalistas Lillian Witte Fibe e Boris Casoy.
A pesquisa evidenciou que o grupo de 60+ desconhece as ferramentas de letramento digital, como SEO, click restraint, pesquisa de imagem invertida ou leitura lateral, o que justifica o gap de conhecimento e a necessidade da existência de um programa de letramento digital para a população com mais de 60 anos no Brasil. Apesar disso, após a realização do curso, os participantes foram capazes de reconhecer a natureza verdadeira ou falsa das notícias apresentadas uma vez que afirmaram procurar pelos textos originais ou relacionados.
Em média, antes do curso, 50% dos respondentes avaliaram corretamente se a notícia era verdadeira ou falsa, enquanto 20% não sabiam e 30% fizeram avaliações erradas. Após a realização do curso, o percentual de avaliação correta aumentou em 15 pontos, indicando o crescimento significativo da habilidade em identificar a natureza da informação. O sucesso foi obtido por 65% dos participantes, 17% não souberam avaliar e 18% erraram suas avaliações. “A leitura lateral, ou seja, a pesquisa em outras fontes, foi o principal mecanismo utilizado na checagem da natureza da informação. Isso leva à aceitação da hipótese de que o curso ajuda a alavancar a habilidade desse público 60+”, diz Maria Elisabete Antonioli, coordenadora do curso de jornalismo da ESPM.
Entre os 347 participantes, 54% eram do sexo feminino e no tópico grupo étnico 8% negros, 38% pardos, 52% brancos e asiáticos e indígenas 1% cada. Os percentuais para as faixas de renda familiar mensal foram 3% classe E, 12% classe D, 63% classe C, e 22% classe AB (acima de R$7.087,22). Como o acesso à informação exige alguma escolaridade, pessoas não alfabetizadas não fizeram parte da análise da pesquisa. A escolaridade funcionou como filtro e os percentuais para as diferentes escolaridades foram ensino fundamental (3%), ensino fundamental (14%), ensino médio (44%), ensino superior incompleto (9%), ensino superior completo (24%) e pós-graduação (5%). E 50% dos entrevistados ficam ativamente, em média, mais de duas horas navegando em mídias sociais, como Facebook, Twitter ou Instagram.