A implementação de novas tecnologias na educação é uma demanda mundial. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) defende os avanços tecnológicos como parte essencial da evolução educacional, inclusive na Agenda Educação 2030. Apesar disso, muitas escolas mantêm padrões tradicionais de gestão e investem pouco nessas mudanças, principalmente no Brasil. As instituições que saíram na frente, por outro lado, estão transformando esse cenário.
É o que conta Arthur Prandato Buzatto, presidente e mantenedor da Escola Vereda, instituição particular de ensino integral e custo acessível na Capital e Grande São Paulo. “Estamos observando um movimento ainda lento, mas relevante, de algumas escolas em busca de atualizações e novas metodologias. E não estou falando apenas do uso de tecnologia em sala de aula e no processo de aprendizagem, ainda que isso também seja importante, mas na própria gestão”.
O debate sobre a aplicação de novas tecnologias com os estudantes não é novo. Já no âmbito dos gestores, da coordenação e administração dos diversos aspectos institucionais, esse é um assunto ainda pouco discutido.
“A gestão escolar reúne desafios muito variados. Desde a organização da grade curricular, professores e turmas até a definição de orçamento para diversas necessidades, que passam por questões estruturais, de equipamentos, material didático, alimentação e tantos outros. Por que, então, a tecnologia não poderia ser utilizada como aliada para lidar com tanta coisa?”, questiona Buzatto.
A provocação passa por todos os departamentos escolares, mas nem sempre é fácil identificar as melhores soluções. Existem softwares para auxiliar nos gerenciamentos operacionais, financeiros e administrativos, bem como ferramentas para melhorar o planejamento cotidiano, a produtividade dos educadores, o suporte aos pais e responsáveis e até a segurança de dados. Muitas instituições estão investindo nesses recursos, mas é preciso que a transformação garanta a redução de custos e otimização real da gestão, para permitir que a instituição se concentre em outros setores. É o que a Vereda faz, a partir de ferramentas desenvolvidas internamente com propósitos específicos para a realidade da instituição.
“As ferramentas adequadas fazem com que os profissionais gastem menos tempo e dinheiro em inúmeras funções, só que é essencial atuar de maneira inteligente. O sucesso vem daí, de uma combinação de gestão eficaz, tecnologia de ponta e compromisso com impacto social”, explica Arthur. Essas três características compõem os resultados que a Vereda alcançou: ensino de qualidade, atendendo a uma alta demanda, e mantendo os valores acessíveis.
Na prática, são quase 2 mil alunos em três unidades da Vereda – em São Paulo, Santo André e São Bernardo –, e mais mil ainda aguardando por vagas. O grande interesse pela matrícula é consequência de uma proposta educacional que envolve ensino integral, material didático de alto nível, uma abordagem pedagógica estimulante e criativa, e ainda alimentação e aulas de inglês e de programação embutidas em um único valor: cerca de 1,2 mil por mês, 70% menos que a média do mercado.
Existem alguns aspectos que fazem com que a instituição consiga manter esse ecossistema funcionando, como parcerias inteligentes, como com a Somos para o material didático e com a Sodexo para a alimentação. Mas os de maior relevância são a metodologia de gestão e a tecnologia, que se tornam efetivamente uma coisa só.
“Nós atuamos com a abordagem CSC: Centro de Serviço Compartilhado. Ela é mais utilizada nas áreas de TI, engenharia e marketing, mas funciona muito bem no nosso ramo, principalmente quando há mais de uma unidade em funcionamento”, explica Buzatto. “Trata-se de uma estrutura organizacional que padroniza informações e processos, fazendo com que todos os profissionais tenham acesso aos mesmos dados e sejam orientados a agir seguindo um mesmo padrão. É comportamental, digital e operacional ao mesmo tempo”.
Além do modo de atuar diferenciado, a Vereda também desenvolve sistemas próprios para resolver problemas e aprimorar questões internas. Um ótimo exemplo é o sistema de elaboração da grade dos professores, que identifica períodos em que eles estão desocupados e evita o pagamento dessas “aulas vagas”. Isso resulta em um custo cerca de 35% menor com a folha de pagamento. “Estendido para toda a grade nas três unidades, isso traz uma mudança significativa, o que permite que a escola seja mais economicamente acessível e que possa continuar investindo em melhorias”, pontua Arthur.
Outros softwares desenvolvidos internamente incluem programas de otimização e distribuição do conteúdo acadêmico, automação de tarefas burocráticas como diário de classe e boletins, e algoritmos próprios para monitoramento de atividades e avaliação de parâmetros educacionais. Assim, a Vereda não depende de uma série de ferramentas externas que não foram criadas para o ambiente escolar. “Muitas empresas de tecnologia vendem resultados para todo tipo de problema, e quanto mais dessas ferramentas são adquiridas sem um pensamento estratégico por trás, mais a gestão acaba parecendo uma ‘colcha de retalhos’”, explica Arthur. Sua escolha para evitar essa situação é começar pela organização de dados e então trabalhar em cima, de forma que seja possível observar toda a jornada dos estudantes, responsáveis e colaboradores integralmente.
“Aplicar uma gestão escolar inteligente e tecnológica não é algo que acontece da noite para o dia, mas o mais importante para trabalhar dessa maneira é transformar a cultura da instituição, ter uma DNA pautado em inovação. A educação brasileira precisa desse tipo de mentalidade, com mais foco no desempenho e desenvolvimento das crianças e adolescentes, em todas as suas frentes. É assim que criamos instituições resistentes às mudanças e, mais importante, uma geração preparada para o que vem pela frente”, conclui Buzatto.